Atualizado em 11/12/2025

Tribunal de Contas dá início a Clube da Leitura discutindo livro sobre a Viúva Machado

Além dos livros técnicos de áreas como Direito e Contabilidade, os servidores do Tribunal de Contas do Estado (TCE/RN) passam a ser estimulados (e desafiados) à leitura de textos associados a questões de gênero, diversidade étnica e capacitismo, entre outros. Lançado na manhã desta quinta-feira, o Clube de Leitura “Entre Páginas” foi inaugurado pela escritora Maria Elza Bezerra, autora de “A Viúva Machado – a grandeza de uma mulher”, em que lança um novo “olhar” sobre a trajetória de Amélia Duarte Machado, uma dona de casa que se transformou em empresária de sucesso e terminou enfrentando os preconceitos da época.

“Este projeto possibilita que se saia da frieza dos serviços, da análise das contas, para o debate de outros temas contemporâneos”, relatou o conselheiro corregedor Gilberto Jales, na abertura do encontro, seguido pelo discurso do diretor da Escola de Contas, Walter Fonseca, confesso apaixonado pelas letras, sobretudo por despertar a curiosidade. “A leitura faz muito bem isso”, enfatizou. A iniciativa é da Biblioteca Ministro Tavares de Lyra, em parceria com a Escola de Contas Professor Severino Lopes de Oliveira, a Corregedoria de Contas e a Comissão de Ética.

O presidente do TCE, Carlos Thompson Costa Fernandes, parabenizou a iniciativa. “Fico imaginando como foi desafiador para ela, num ambiente hostil e sem filhos, enfrentar o preconceito. Se hoje é difícil para a mulher, imagine naquela época. Mas o que era ainda se vê hoje, com muitos relatos de violência, é um retrato do cotidiano. Temos muito ainda a caminhar”, disse. “Esta obra transforma a forma como a gente vê a história da cidade, reposicionando olhares, possibilitando diversas reflexões”, ressaltou o diretor da Corregedoria, Cleyton Barbosa, encerrando a programação.

O Clube de Leitura nasce para fortalecer o ambiente de aprendizado contínuo no Tribunal, aproximar servidores e criar pontes entre vivências pessoais e o cotidiano institucional, explicou a coordenadora da biblioteca do TCE, Michelle Rodrigues Dias, lembrando que os encontros serão realizados bimestralmente em 2026, na sala de reuniões da Presidência. A iniciativa reforça o trabalho do TCE/RN para a promoção da ética como valor transversal às suas ações, conforme diretrizes da Corregedoria e da Comissão de Ética, sempre buscando integrar literatura, cidadania, respeito e valores institucionais, a exemplo de clubes de leitura que já funcionam em outras instituições.

O primeiro encontro contou com a participação especial da servidora aposentada do TCE, Maria Elza Bezerra, que revelou como foi o processo de pesquisa do livro sobre “A Viúva Machado”, uma dona de casa que teve que assumir os negócios do marido devido ao falecimento dele e sofreu com os preconceitos de uma época em que o machismo não aceitava o comando de uma mulher. “A comerciante de sucesso incomodou. Com isso, a transformaram num monstro”, relatou, lembrando das várias lendas que diziam que “ela matava criancinhas para comer o seu fígado”, entre tantas que foram disseminadas. Entre outras propostas, o livro busca, com serenidade e poesia, desconstruir a lenda e mostrar como a história de fato aconteceu.

A pesquisadora, que integra o Instituto Histórico e Geográfico, compartilhou os bastidores da pesquisa, os documentos utilizados e entrevistas feitas com conhecidos e familiares, até chegar ao produto final: obra que associa o desenvolvimento da cidade e o empreendedorismo ao papel da mulher, sem enfatizar as lendas criadas em torno da personagem Amélia Duarte Machado.